Lutero, interpretado por Joseph Fiennes |
Hoje comemora-se o dia da Reforma Protestante.
Há exatamente 492 atrás que um monge subversivo, porém cativo a consciência do evangelho, afixou na porta da catedral de Wittenberg, suas 95 teses. Dentre muitos aspectos abordados, Lutero denunciou o abismo que havia entre a igreja católica e a Palavra, criticou também a corrupção moral do papado, e profetizou contra as insanidades daqueles que estavam negociando financeiramente a salvação da alma dos homens.
Sendo protestante ou não, você há de convir que este evento mudou completamente a história da humanidade. Por isso gostaria de homenagear esta data tão significativa fazendo apenas uma breve alusão a coragem protestante.
Precisamos reconhecer que o movimento da reforma não resumiu-se a este ato isolado de Lutero. Muitos outros dedicaram suas vidas contra a monopolização da mensagem do Evangelho. Foi, portanto, um movimento inteiramente marcado pela coragem de alguns homens, que ousaram enfrentar reinos, autoridades, papas, e toda a tirania dos poderosos. Refiro-me em especial os quatro grandes nomes da reforma: Lutero, Zuínglio, Calvino e Menno Simons.
Lutero foi intimado, ameaçado de morte, e forçado a retratar-se diante do poder imperial. Foi na Dieta de Worms (sessão do governo imperial) na Alemanha, chefiada pelo imperador Carlos V, que Lutero foi convocado para desmentir suas teses.
O processo foi longo, durou muitos dias, e uma pressão enorme foi feita para que Lutero voltasse atrás. Como ele reagiu? Lutero se retratou ou não? Como ele respondeu diante de todos em Worms?
“Visto que vossa sereníssima majestade e vossas nobres altezas exigem de mim resposta clara, simples e precisa, vou dá-la, e é esta: Não posso submeter minha fé, quer ao papa, quer aos concílios, porque é claro como o dia que ele têm frequentemente errado e se contradito um ao outro. A menos que eu seja convencido pelo testemunho das Escrituras, não posso retratar-me e não me retratarei, pois é perigoso a um cristão falar contra a consciência. Aqui permaneço, não posso fazer outra coisa; queira Deus ajudar-me. Amém”.
Hoje falta “homens com peito” para enfrentarmos, com coragem protestante, os desafios do mundo moderno. Não falo só da igreja que está retornando ao paganismo medieval.
A luta do cristão não deve se resumir aos caminhos da instituição cristã, mas principalmente ao estabelecimento da justiça na terra. Portanto, urge a necessidade de profetas corajosos que denunciam a perversidade dos sistemas de exclusão social, que lutam em favor dos bilhões de miseráveis da terra, e que não se calam diante da omissão da igreja frente aos problemas da humanidade.
Sempre que se fala em Reforma Protestante, pensa-se de imediato em homens como Lutero, Calvino, Knox, Wycliffe, Zwínglio e tantos outros. Errado? Não, de maneira nenhuma! Porém, a história também nos fornece que não somente homens contribuíram para o “estouro” da Reforma. A mulheres também tiveram seu importante papel na causa reformista.
O site Eleitos de Deus publicou ontem uma pequena história de duas mulheres que tiveram participação notável na Reforma. Republico aqui um resumo de suas histórias. Estou falando da belga Marie Dentière e da alemã Katharina von Bora.
Marie Dentière
Marie Dentière (Tournai, 1495 – Genebra, 1561), também conhecida como Marie d’Ennetieres, foi uma teóloga e reformadora protestante belga. Teve um papel ativo na reforma religiosa e política de Genebra, especialmente no fechamento de conventos e pregando junto a João Calvino e Guilheme Farel.
Seu segundo marido, Antônio Froment, também foi um ativo reformador. Além disso, seus trabalhos em favor da Reforma e seus escritos são considerados uma defesa da perspectiva feminina em um mundo que passava por rápidas e drásticas transformações em pouco tempo.
É de sua autoria uma das frases mais importantes da época: “Passei muito tempo na escuridão da hipocrisia. Somente Deus foi capaz de fazer-me enxergar minha condição e conduzir-me à luz verdadeira”. Seu segundo marido, Antoine Froment, também foi um ativo reformador.
Em 1539, Dentiére escreveu uma carta aberta a Margarita de Navarra, irmã do Rei da França, Francisco I, intitulada Espistre tres utile (O título completo em português é “Epístola muito útil, escrita y composta por uma mulher cristã de Tournay, enviada ao Reino de Navarra, irmã do Rei da França, contra os turcos, judeus, infiéis, falsos cristãos, anabatistas e luteranos”).
Na carta, ela incitava a expulsão do clero católico da França e criticava a estupidez dos protestantes que obrigaram a Calvino e Farel a abandonar Genebra. A carta foi rapidamente proibida por seu teor abertamente subversivo.
Apesar da qualidade de seus escritos teológicos, Marie Dentière sofreu perseguição e incompreensão tanto por parte das autoridades católicas como pelos próprios reformadores genebrinos, que impediram a publicação de qualquer texto escrito por uma mulher na cidade durante o resto do século XVI.
Em 3 de novembro de 2002 seu nome foi gravado no Monumento Internacional da Reforma, em Genebra, por sua contribuição à história e à teologia da Reforma, tornando-se a primeira mulher a receber tal reconhecimento.
Katharina von Bora
Catarina (Katharina) von Bora (Lippendorf, 29 de janeiro de 1499 – † Torgau, 20 de dezembro de 1552) foi uma freira católica cisterciense alemã. Em 13 de Junho de 1525, casou-se com Martinho Lutero, líder da Reforma Protestante.
Catarina abriu as portas da sua casa pra que monges, freiras, padres que escancaravam seus corações pra verdade de Deus e se tornavam adeptos da Reforma se refugiassem, mesmo sabendo que estavam entrando num tempo de perseguição e isso pudesse resultar numa invasão ao seu lar. Existiram vezes, que 25 pessoas moravam em sua casa, sem contar ela, Lutero, as crianças e os 11 órfão de quem cuidavam!
Lutero nunca se negava a ajudar um necessitado. Sempre oferecia dinheiro a quem precisava e logo logo, acabou com as lindas porcelanas que Catarina ganhou de presente de casamento, vendendo para conseguir dinheiro e abençoar aqueles que lutavam pela causa da graça de Cristo!
Katy cuidou de Hans Lutero, seu primeiro filho, ao mesmo tempo em que seu esposo passava por uma terrível depressão. Ela se sentava ao seu lado e lia a Bíblia pra ele edificando seu coração. Conciliou as tarefas da casa, de hospedagem, mãe, esposa com a árdua tarefa de ajudar Lutero na tradução das escrituras para o alemão. Ouvia os desabafos de Martinho e sabia que cada vez que ele saia para pregar podia não o ver voltar, pois quanto mais pregava, mais inimigos Lutero ganhava. Expandir o Reino e as verdades bíblicas significava para Catarina poder ficar viúva. Mas ela sempre o encorajava: “Deus cuidará de nós. Não tema! Pregue!”.
Ela realmente é admirável. Sua postura permitia Lutero pregar livremente e arriscar sua vida pela Verdade!
“Catarina não escreveu nenhum livro nem pregou nenhum sermão, mas sua inestimável ajuda possibilitou que o marido fizesse isso. Ela foi um grande apoio pra ele.”
Como Lutero mesmo disse a um amigo: “Minha querida Katy me mantém jovem e em boa forma também (risos). Sem ela eu ficaria totalmente perdido. Ela aceita bem minhas viagens e, quando volto, está sempre me esperando. Cuida de mim nas depressões. Suporta meus acessos de cólera. Ela me ajuda em meu trabalho e, acima de tudo ama a Jesus. Depois de Jesus, ela é o melhor presente que Deus em deu em toda a vida… Se um dia escreverem a história da Reforma da Igreja espero que o nome dela apareça junto ao meu e oro por isso”.
Tudo que Catarina Lutero falou ao ouvir isso foi: “Tudo que tenho sido é esposa e mãe e acho que uma das mais felizes de toda a Alemanha!”. Lutero chamava sua esposa de “estrela da manhã de Wittinberg”. Katie viveu por mais seis anos após a morte do esposo em 1546.
*Este post é uma montagem de informações dos blogs:Soli Deo Gloria, Púlpito Cristão e Eleitos de Deus
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