Terão
os evangélicos e cristãos de maneira geral acordado a tempo? Não sei!
Vamos ver! O PT tem sempre muitas moedas, e, infelizmente, há quem venda
a convicção por trinta dinheiros. Essa é uma história antiga, não? Hoje
em dia, existem supostos evangélicos que têm a coragem de recorrer à
Bíblia para justificar o aborto — o que corresponde a pisotear a Palavra
e a jogar no lixo a história do cristianismo — e supostos católicos que
flertam abertamente com abortistas e aborteiras em nome “do povo”. As
igrejas, infelizmente, estão infiltradas, num caso, pelo oportunismo e,
noutro, pelo marxismo vagabundo. Uma depuração se faz necessária.
Fui o primeiro a alertar
aqui, ainda no dia 28 de janeiro,
que, dando as oposições por liquidadas e os partidos políticos todos
por controlados, o PT preparava uma nova batalha ideológica: contra os
evangélicos. Não estava inventando nem esquentando nada! Quem fez o
anúncio no Fórum Social de Porto Alegre, com todas as letras, foi
ninguém menos do que Gilberto Carvalho, o homem mais importante no PT
depois de Lula. Se, amanhã, por qualquer razão, o Apedeuta ficasse
impossibilitado de dar a última palavra no partido, Carvalho seria o
único capaz de manter a sigla unida por um bom tempo ao menos. Ele
conserva a memória da legenda, muito especialmente de seus porões, desde
os tempos da gestão Celso Daniel, em Santo André.
Carvalho
considera que a dita “classe C” está excessivamente exposta às igrejas
evangélicas. Os representantes dessas denominações que conseguiram se
eleger integram, não raro, partidos da base aliada, e os petistas
procuram manter com as igrejas uma relação de boa vizinhança. Mas só
quem desconhece a natureza do PT para se constituir como partido único
(não de direito, mas de fato) apostaria numa futura convivência
pacífica.
ATENÇÃO! NÃO PODE EXISTIR VONTADE ORGANIZADA FORA DO PARTIDO. É
UMA QUESTÃO DE PRINCÍPIO. O PT, HOJE, NÃO QUER, É EVIDENTE, O
SOCIALISMO À MODA ANTIGA. ELE O QUER À MODA MODERNA: SER O ENTE DE RAZÃO
QUE GERE A SOCIEDADE EM TODOS OS SEUS DOMÍNIOS. E os evangélicos
tendem, no futuro, a atrapalhar esses propósitos.
O ministro
foi longe naquele fórum. Deixou claro que o modo de realizar essa
disputa é com uma mídia estatal presente, para veicular os valores do
petismo, confrontando-os, então, com os de outras forças que têm
enraizamento popular — como é o caso das igrejas. Carvalho acredita,
então, que é preciso usar dinheiro público, com mídia política e
ideologicamente orientada, para “ganhar o povo”. E UMA COISA OS CRISTÃOS
TÊM DE TER EM MENTE: OS PETISTAS NÃO DESISTEM NUNCA! Vejam o caso de
Eleonora Menicucci, a nova ministra das Mulheres, aquela que foi
aprender a praticar abortos na Colômbia — embora a prática fosse crime
naquele país também.
O governo
retirou do Plano Nacional de Direitos Humanos a legalização do aborto, e
Dilma fingiu ter mudado de idéia. Enviou uma Carta Aberta aos
Evangélicos e foi ao santuário de Aparecida, escoltada por Gabriel
Chalita (aquele que tem o mau gosto adicional de plagiar os próprios
textos e descobriu em Maquiavel um entusiasta da utopia…), para
demonstrar o seu súbito fervor cristão. Num rasgo de religiosidade
criativa, chamou Nossa Senhora de “nossa deusa”, fundindo, quem sabe?, o
catolicismo ao paganismo… Tentou parecer uma cristã exemplar.
Aos 14
meses de mandato, nomeia para a pasta das Mulheres uma senhora que
confessa o que confessou e que se diz “avó de uma criança e do aborto”.
Na gestão de Fernando Haddad, na Educação, preparou-se o tal kit gay
para as escolas com um punhado de absurdos. As crianças só não ficaram
expostas a um filme que trata a bissexualidade como uma vantagem na
comparação com a heterossexualidade e que defende que “transgêneros”
usem o banheiro feminino das escolas porque a sociedade chiou.
A guerra
ideológica anunciada por Carvalho, se vocês notarem bem, já está em
curso. Há uma boa possibilidade de os cristãos terem acordado um pouco
tarde. Os sinais de invasão do Estado na esfera dos valores que dizem
respeito à família e a domínios que estão e devem estar fora do
guarda-chuva do governo se vêem em todo canto. Assim como o PT vive da
depredação da ordem legal nos estados governados pela oposição, promove
um combate surdo, mas muito evidente, contra as forças que estão fora de
seu domínio. O partido nunca teve aliados, mas subordinados. Aqueles
que aceitarem a submissão podem, sim, se dar bem — e até obter vantagens
estupendas. Mas têm de renunciar à própria vontade e à própria
identidade. É um caso clássico, para recorrer a uma metáfora óbvia, de
pacto com o demônio.
Mas por que
as igrejas? Porque as religiões tendem a oferecer uma visão mais ampla
da vida do que a própria política. Se essa organiza a experiência do
cidadão, as suas relações com o poder do Estado e com a sociedade,
aquelas acrescentam a essas dimensões as escolhas que são de ordem
moral, que falam à consciência profunda dos indivíduos, a elementos nem
sempre subordináveis às trocas pragmáticas do dia-a-dia. Cristo não
disse “a César o que é de César” porque considerasse que o poder terreno
não poderia ser contestado. O sentido profundo da consideração é outro:
HÁ O QUE NÃO É DE CÉSAR, E ISSO CÉSAR NÃO TERÁ. O soberano compreendeu
e, por isso, não gostou.
É claro que,
nas democracias convencionais, religiões convivem bem com o poder, e as
mais variadas denominações fazem esta ou aquela escolhas. E assim
deveria ser aqui também. Eu não gosto do excesso de proximidade entre
igrejas e esferas do estado — evangélicas, católicas ou quaisquer
outras. Aliás, quanto mais distantes, melhor! Que César fique lá com
seus brinquedinhos. Certas abordagens feitas por correntes evangélicas e
católicas são, do ponto de vista teológico, uma monumental bobagem. Mas
bobagem maior fará sempre o Estado quando se meter a tomar o lugar das
religiões. E esse propósito está mais do que anunciado. Já está em
curso.
Na Folha desta terça, leio o seguinte. Volto depois:
A bancada evangélica no Congresso Nacional prepara uma marcha “a favor
da vida” e uma ação na Justiça contra o ministro Gilberto Carvalho
(Secretaria-Geral). Deputados e senadores estão descontentes com as
declarações de Carvalho no Fórum Social Mundial. Em palestra, ele disse
que o Estado deve fazer uma disputa ideológica pela “nova classe média”,
que estaria sob hegemonia de setores conservadores. “Lembro aqui, sem
nenhum preconceito, o papel da hegemonia das igrejas evangélicas, das
seitas pentecostais, que são a grande presença para esse público que
está emergindo”, disse.
O senador
Magno Malta (PR-ES) disse que o ministro foi intolerante: “Somos gente
boa só no processo eleitoral? Queremos uma agenda oficial com a
presidente Dilma para que nos escute, porque este não deve ser o
comportamento de um ministro”. Gilberto Carvalho negou que tenha feito
ataques aos evangélicos e diz que foi mal compreendido. Hoje a bancada
irá definir o dia da marcha em Brasília e os termos da ação contra
Carvalho. Os congressistas também vão discutir o kit anti-homofobia da
pasta da Educação e as declarações da ministra Eleonora Menicucci
(Mulheres) favoráveis ao aborto.
Encerro
Vamos ver. Em Brasília, há quem aposte que isso tudo é fogo de
palha e que o governo consegue controlar a insatisfação fazendo algumas
concessões e favores. Tomara que não! Os que decidiram se opor às
propostas totalitárias de Carvalho e às barbaridades ditas pela ministra
Eleonora terão de deixar claro se o cristianismo é realmente um valor
que orienta, como é o desejável, a sua conduta parlamentar ou se estamos
diante da prática viciosa contrária: as necessidades dos políticos é
que pautam o seu cristianismo.
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