Os seguidores de Jesus eram conhecidos como DISCÍPULOS. E esse termo não era usado apenas aos 12 ou aos 70, mas a todos que reconheceram a Jesus como Senhor.
Não se pode entender a grande diferença que existe entre os termos acima citados, sem fazer uma “radiografia” da Igreja do começo, com as muitas “igrejas” atuais. Sem querer ser negativista ou mesmo injusto, devo admitir que existem muitas diferenças entre elas.
Admito, também, que existem muitas Igrejas que, como aquela do início, tem muito de positivo e são “sal da terra e luz do mundo”.
A Igreja do começo era diferente porque tinha Jesus não só como salvador, mas como Senhor. E era como Senhor que os apóstolos apresentavam a Jesus. Pedro disse: “Esteja absolutamente certa pois, toda casa de Israel de que a este Jesus que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo” - (At 2.36).
Os discípulos da Igreja do começo obedeciam realmente a ordem do Senhor Jesus: “Buscai, pois em primeiro lugar o Reino de Deus...”(Mt 6.33). Podemos afirmar com certeza isso observando a maneira como viviam: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações”(At 2.42).
“Diariamente perseveravam unânimes no templo (Pórtico de Salomão), partiam o pão de casa em casa e tomavam as refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia do povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia-a-dia, os que iam sendo salvos”(At 2.46-47).
Notemos as palavras perseveravam, diariamente, dia-a-dia. Jesus era realmente o Senhor do tempo daqueles discípulos. Viviam como família, onde um era por todos e todos por um. “Todos os que creram estavam juntos, e tinham tudo em comum. Vendiam suas propriedades e bens distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade”(At 2.44,45). Evidenciavam em suas vidas que Jesus era Senhor de seus bens e dinheiro. Se reuniam também em grupos pequenos pelas casas e tomavam suas refeições com alegria e singeleza de coração” (At 2.46).
O resultado dessa Igreja madura logo se fez ver: “...havendo um acrescimo naquele dia de quase três mil pessoas” (At 2.41). “Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia-a-dia os que iam sendo salvos” (At 2.47) “...aceitaram a palavra, subindo o número de homens a quase cinco mil” (At 4.4). “Pois nenhum necessitado havia entre eles...” (At 4.34).
É observando como esse “Corpo Vivo e Ativo” vivia que notamos alguns contrastes que saltam à vista.
Tudo começou com Jesus preparando o terreno e lançando os fundamentos dessa Igreja. O que Ele fez, que estratégia usou para alcançar seus objetivos foram esquecidos e passou-se a usar métodos humanos e o resultado está claro: uma igreja dividida, cheia de religiosos, crentes, convertidos, porém, poucos Discípulos.
Cremos que o “discipulado” - (Esse termo não está na Bíblia) ou seja, fazer o que Jesus fez e como ele fêz, é a solução para ter os resultados que Ele teve.
JESUS FÊZ DISCÍPULOS
O tempo que Jesus gastou em seu ministério foi relativamente curto, apenas três anos. Portanto, com um período tão restrito não havia tempo a perder pois queria deixar algo sólido que não se desintegrasse quando voltasse para o seu lar. Para conseguir isto, dirigiu seus esforços a determinados grupos de pessoas e devido ao tempo que ele gastava com cada uma delas, podemos saber através de quais Jesus esperava conseguir seus objetivos. Vamos ver esses grupos distintamente:
Multidões Famintas
Desde o principio, o ministério de Jesus foi caracterizado pelas multidões que o seguiam, a tal ponto que as vezes tinha que se retirar com seus discípulos para lugares isolados, com a finalidade de descansar, pois não tinha tempo nem para fazerem refeições (Mc 6.31-34).
As multidões se entusiasmavam com Ele, ouviam e apreciavam sua sabedoria e por mais de uma vez quiseram fazê-lo rei (Jo 6.15). Era também nessas ocasiões que Jesus se retirava para lugares isolados.
Os próprios discípulos de João Batista chegaram a ficar preocupados com a concorrência, pois viram que as multidões estavam seguindo a Jesus e eram batizados por Ele (Jo3.26).
Jesus amava as multidões e se compadecia delas, dizia que eram como ovelhas sem pastor, muita coisa os ensinava fazendo curas e prodígios entre o povo. Na verdade, poderia ter toda a nação de Israel a seus pés, se satisfizesse a curiosidade natural do povo por acontecimentos sobrenaturais (Lc 4.9-13).
500 Seguidores
Multidões o seguiam, mas poucos pareciam compreendê-lo de fato. Muitos criam, mas poucos tinham entendido o sentido real do evangelho.
Os discípulos de João tiveram as suas dúvidas (Jo 2.26) o próprio João Batista mandou perguntar-lhe se realmente era o Messias ou se tinham que esperar outro (Mt 11.2,3).
Quando Jesus fez o sermão sobre o pão da vida, muitos se escandalizaram e já não andavam com Ele (Jo 6.60-66). Aquela multidão que o havia aclamado dias antes como Messias e Rei, foi a mesma multidão que pediu a crucificação de Jesus.
Mas quando Jesus, depois da ressurreição e de haver passado 40 dias aqui na terra, subiu ao céu deixando aqui um grupo que apesar de todos os contratempos permaneceu firme. Era um grupo que havia entendido sua mensagem (Lc 24.50-53; At 1.9) e comparando estas escrituras com 1 Co 15.6, sabemos que esse número era de 500 seguidores.
120 Perseveraram
Embora a ordem para que aguardassem em Jerusalém até que do alto fossem revestidos de poder tivesse sido dada aos 500, vemos em At 1.15 que apenas 120 perseveraram na oração e obedeceram a ordem de esperar.
Creio que estes 120 tinham um relacionamento mais íntimo com Jesus. Entre eles se encontravam as mulheres que seguiam a Jesus como Maria, sua mãe, juntamente com seus irmãos (At 1.14).
Os evangelhos nos falam também de algumas mulheres que haviam sido curadas por Jesus e outras das quais Jesus tinha expulsado demônios, foram citados alguns nomes como Maria Madalena, Joana, Suzana e muitas outras. Essas mulheres supriam a Jesus e a seus discípulos com os bens que possuiam.
Havia outros aos quais Jesus também dedicou um cuidado pessoal, entre eles está Zaqueu (Lc 19.5) o qual foi aconselhado em sua própria casa, Bartimeu, o cego a quem Jesus curou (Mc 10.52), os irmãos Lázaro, Marta e Maria pelos quais Jesus tinha uma grande amizade (Lc 10.38-42) e vários outros que Jesus tratou pessoalmente (Jo 4.39-42).
70 Aptos a Serem Enviados
Agora dentre esses 120, havia 70 que estavam aptos a serem enviados por Jesus, para pregar, curar enfermos, expelir demônios e preparar as cidades para receberem Jesus.
Certamente estes 70 receberam um treinamento por parte de Jesus. Ele não confiaria missão de tanta responsabilidade a estes 70 se não os houvesse preparado.
Eles foram enviados de dois em dois. Foram 35 equipes para lugares diferentes (Lc 10.1). As instruções eram dadas semelhantemente as que foram dadas aos 12, instruções claras do que fazer e como agir em cada cidade (Lc 10.2-16).
Podemos avaliar o preparo que tinham recebido esses 70, através dos resultados obtidos em seu trabalho. Cumpriram à risca as ordens do mestre e voltaram jubilosos (Lc 10.17-20).
Os 12 Discípulos
Mas entre todos os discípulos, Jesus, depois de passar uma noite em oração, escolheu apenas 12, aos quais chamou também de apóstolos. Estes foram escolhidos para estarem com Ele e para receberem um tratamento muito especial, supervisionado 24 horas por dia diariamente por Jesus - (Lc 6.12-16).
Os 3 Mais Chegados
E mesmo entre os 12, Jesus dedicou um tratamento especial a 3 dos seus apóstolos e estes era: Pedro, Tiago e João.
Em algumas ocasiões não permitiu que os outros o seguissem com exceção destes três (Mc 5.37; Mc 9.2-4; Mc 14.32-33). E Não foi por acaso que esses três homens se tornaram as colunas da Igreja em Jerusalém.